Você tem certeza que viu o que pensa ter visto? Certeza absoluta?
Faço esta pergunta porque essa coisa da certeza absoluta já deixou muita gente em maus lençóis. Afirmar categoricamente que uma coisa é realmente aquilo que se vê é perigoso à medida que cada um de nós pode ter uma visão diferente do mesmo objeto. Quantas vezes lemos, repetidamente, uma frase e notamos que lemos errada uma determinada palavra? Quantas vezes vimos alguém de longe e ao nos aproximar percebemos que nos enganamos? Pior ainda, pensamos ter visto um conhecido em uma situação comprometedora e era apenas alguém muito parecido.
Bom, gente, isso é o que os nossos olhos enxergam, ou melhor, é aquilo que queremos ver. Se analisarmos friamente, não foram nossos olhos que nos enganaram, mas nossos desejos ocultos. O que eu quero dizer é que provavelmente haverá uma explicação coerente para esse deslize. E quando a situação não é aquilo que enxergamos, mas o que entendemos da fala do outro? Aí a história fica ainda mais complicada. Vai estar em jogo não apenas o que você entendeu, mas a intenção do outro e, além disso, permeando esse impasse estará o orgulho. Sim, porque não pense você que uma das partes aceitará, facilmente, que a outra possa ter razão. Nesse caso há que se ter em conta a forma como o outro se pronunciou, suas expectativas, sentimento, contexto etc., mas não é só isso, do outro lado o indivíduo que se sentiu ameaçado, atingido, pode ter apreendido aquilo que a sua condição interior concebeu, isto é, se for uma pessoa com baixa autoestima, com um sentimento exagerado de menos valia, interpretará as palavras do outro como algo ofensivo, dirigidas claramente a ele.
"Quem conta um conto aumenta um ponto", um antigo ditado que não merece contestação. Sempre que falamos de algo que vimos ou ouvimos adicionamos a nossa versão dos fatos. É como se a história inicial fosse continuamente reformulada ao gosto do narrador. Depois de algumas andanças de boca em boca, provavelmente estará muito diferente da original. Talvez mais carregada de emoção, de brilho, de eufemismos, desfemismos e maldades.
Acontece que normalmente nos apegamos a uma parte da história. Àquela que nos chama mais a atenção ou com a qual nos identificamos. É mais ou menos assim:
Tomemos como base a figura
À primeira vista, sem um exame cuidadoso, homens e mulheres poderão ter uma reação distinta: uma bela morena, usando fio dental e criando sentimentos que vão da cobiça à inveja. Mas essa cena é uma parte de um todo. Se mostrarmos o restante do "corpo" da bela morena, veremos que os nossos desejos e/ou as nossas dificuldades com a nossa aparência podem nos levar a um julgamento precipitado.
Querem ver?
Vejam a foto inteira:
Nosso olhar nos engana, porque vemos aquilo que queremos ver, aquilo que precisamos ver para dar sentido a uma falta ou para satisfazer um desejo.
Então, antes de afirmar alguma coisa, precisamos nos perguntar:
Tem certeza?
Um comentário:
Em primeiro lugar, parabéns pelo blog está muito bem feito, parabéns pela matéria, continue postando, para que todo aquele que ler possa se beneficiar, senão com o aprendizado, pelo menos com o benefício da dúvida - pois ao pensar ``será que estou agindo assim`` já é um bom começo para nosso progresso, ou para a resolução de muitas situações que nos afligem no dia a dia.
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