Hoje ouvi alguém dizer que sua vida era um enorme vazio.Uma pessoa bem colocada, com bom salário e horários preenchidos pelo trabalho.
Engraçado que ao falarmos em vida vazia pensamos logo em alguém parado, sem ter o que fazer, sem pretensões ou projetos, mas o vazio vai mais além, porque é a ausência de si mesmo.
No prefácio de seu livro "O Homem em Busca de Si Mesmo", Rollo May diz que uma das poucas alegrias da vida numa época de ansiedade é o fato de sermos forçados a tomar consciência de nós mesmos.
Infelizmente essa tomada de consciência não acontece de imediato e tampouco é indolor.
É necessário tempo e dispêndio de energia até que brote o desejo de tornar-se cônscio de si mesmo.
Vivemos às voltas com o medo do fracasso, da falta de oportunidade. Medo de não satisfazer as exigências do mundo externo e as nossas próprias. Medo de amar, de não ser correspondido, de ser traido ou roubado...
Vivemos na obrigação de sermos bem-sucedidos, de nos desenvolver em todas as áreas da existência: temos que ser os maiores e/ou os melhores. Precisamos ser bons nos negócios e capazes de manipular pessoas com o mesmo desembaraço com que negociamos.
Se manipulados, desenvolvemos um ódio (secreto ou explícito)por quem, supostamente, nos controla.
Em ambos os casos, exercemos uma influência desastrosa sobre aqueles com quem convivemos. Somos, na maioria das vezes, homens e mulheres irritadiços, ansiosos, nos escondendo sob uma máscara de vítima ou sob uma capa de segurança.
O problema do homem contemporâneo, afirma Rollo May, é o vazio existencial e é nele que suas potencialidades se transformam em morbidez, desespero e até em atividades destrutivas.
A nossa cultura é imediatista, não nos dá tempo para ponderações. Tudo precisa acontecer sob a batuta da pressa , da rapidez. Ao atingir o objetivo, já não reconhecemos os passos que nos conduziu: ficaram para trás, perdidos no turbilhão de acontecimentos. É praticamente impossível nos enxergar como individualidades. Nos perdemos em algum ponto do caminho e o vazio existencial ameaça nossa integridade emocional. Um bom exemplo é a vida do homem suburbano que, mergulhado na rotina, realiza tudo sempre da mesma forma, do trabalho ao lazer e, depois de se aposentar, morre de colapso cardíaco ou de tédio.
Ouvir alguém - aparentemente bem resolvido - dizer que sua vida é um vazio, nos leva a pensar na insatisfação, da ordem das coisas humanas, daquilo que não pode ser preenchida porque estamos sempre em busca de algo a mais. Algo que não está fora, mas que não percebemos em nós, porque só percebemos aquilo que os nossos olhos podem ver e nossas mãos podem tocar. O essencial é invisível aos olhos já disse Antoine de Saint-Exupéry. Temos dificuldade em entender o verdadeiro sentido da vida, enlatados que estamos nos (pré) conceitos e valores que adquirimos no decorrer de nossas vidas, onde vamos interiorizando o que a cultura determina como correto sem questionarmos. É assim que perdemos nossa essência e ficamos cegos e insensíveis para as nossas reais necessidades. A dor do vazio existencial só poderá ser acalmada com uma dose de autoestima. É o reconhecimento de nossas potencialidades mais o respeito pelas nossas limitações que resultam no amor por nós mesmos. Pensemos nisso.
Poderá ler mais em:
Vida Vazia 2 - Vazio Existencial
Vida Vazia - Vazio Existencial - ultima parte
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