As coisas como se nos
mostram estão cansando.
Vocês repararam que há
uma luta constante entre os indivíduos? Um alfinetando o outro, machucando,
magoando...
Antes era tudo feito
dentro de um pequeno círculo e, agora, expandiu-se mundo afora através da
internet. Se prestarmos atenção poderemos ter a noção exata dessa luta ou
competição:
É disputa entre raças,
entre religiões e entre gordinhos e magrinhos, jovens e velhos. Cada qual
tentando mostrar o quanto é melhor que o outro.
Do que fala nossa
boca? É a pergunta que deveríamos nos fazer antes de iniciarmos uma disputa.
Porque a nossa boca fala do que está cheio nosso coração e isso não é só um
tema religioso, mas que tem muito a ver com o nosso psicológico.
Sempre que nos
arvoramos de defensores de uma causa é porque nos identificamos com ela. Se
formos contra o racismo, primeiro admitimos sua existência e que ele existe em nós também. Sim, é verdade.
Se eu sou negra, amarela ou vermelha e digo que todos sofrem preconceito, eu estou
me incluindo e muitas vezes, lutando não para fazer valer o meu direito como
cidadão, como pessoa, mas travando um embate de quem é o melhor, de quem tem
mais direitos, de quem fez mais etc. Assim, fica excluída a questão de todos
somos seres humanos, o que nos iguala naturalmente. Todo o resto é originado na
ignorância e contra ela a única solução é a educação, não a competição.
Determinadas soluções são mais preconceituosas e maldosas que o problema em si.
Algumas soluções rebaixam a vítima e ela nem sempre percebe.
Outra coisa que parece
ter virado moda: gordinhos x magrinhos. Aí a coisa fica cruel. Sentimentos são
desrespeitados e percebo, com tristeza, que acontece quase que na totalidade
entre mulheres. Aliás, não vejo homens se importando com essas coisas, o que
reforça a crença de que mulher é cruel com outra mulher.
Na escola, ainda
meninas sofrem com adjetivos como “gordinha”, “baleia” e outros até piores. Mas em contrapartida,
existem meninas que sofrem e choram porque são chamadas de “pau de virar tripa”,
“caniço”, “Olivia palito” etc. Será que
isso dói menos? Na verdade machucam tanto quanto, mas não há uma educação para
terminar com esse tipo de situação. Infelizmente, em casa, a família reforça essas
atitudes quando dizem: “estou falando daquele gordinho...”, “Ah, é aquela
magricela...”. A mídia é implacável,
transforma magrinhas em anoréxicas e
gordinhas em consumidoras frenéticas dos emagrecedores e cremes, todos
milagrosos, sem se importar com o fator saúde.
Como se não bastasse
existem as piadinhas, sim porque só posso entender como piada – de mau gosto,
que dizem sobre curvas e retas... Como se a “vítima” esquecesse que do outro
lado também existem vítimas.
Essa é uma luta sem
vencedores!
Em meu consultório
assisti pessoas com traumas por terem sido magras a vida toda e também as com
obesidade mórbida, o que travou a existência e atrapalhou até mesmo o
desenvolvimento profissional e amoroso. Por isso minha colocação sobre o
assunto.
Não estou dizendo que
o preconceito não existe ou que não se deve lutar contra ele, mas acredito
firmemente que essa não é uma questão de magrinhas x gordinhas. Isso é invenção
dos ignorantes, dos que precisam de uma intriga para afugentar as próprias
dores existenciais. Além do mais, empresas investem muito em anoréxicas e em
roupas com cada vez menos tecido. A mídia adora mostrar meninas lindas, perfeitas
à base de photoshop, que vendem uma
imagem que gera receita para confecções, academias e laboratórios entre outros,
traçando uma regra sobre o que é bonito e o que é feio.
Quando dizemos isso é
bonito e isso não é, não estamos dando a nossa opinião, mas falando daquilo que
nos ensinaram, do que aprendemos a ver como belo ou feio. Não acredita? Por que
então chamamos de girafa uma mulher de
pescoço longo quando na Tailândia é sinônimo de beleza?
Na questão racial
também existem os que lucram, afinal se eu reforço a ideia de que determinados
indivíduos não possuem as mesmas oportunidades, ganho a sua admiração e o seu silêncio ou
submissão. Realmente não temos as mesmas condições, mas não por nossa cor ou
crença, mas porque não investem em nós como povo em geral e não procuramos nos
sobressair. Prova disso é que existem homens valorosos em todas as raças.
O que não podemos é
permitir que nos usem, não somos gados para que nos marquem de acordo com o
nosso biótipo. Ao invés de lutarmos uns contra os outros é preciso lutar contra
as regras injustas para ambos os lados, valorizar a saúde física e mental e
entender que não precisamos seguir a maioria, podemos sim fazer a diferença.
Obrigada por prestigiar meu blog.
Volte sempre.
4 comentários:
Bem assim caminha a humanidade, e as pessoas insistem em realçar a diferença nunca a igualdade
Infelizmente, Joselito. Cultua-se a aparência exterior sem preocupação sobre o aspecto interior que é o que vale a pena ser ressaltado. Obrigada, amigo, pela visita. Volte sempre.
Isabel,
Tudo bem? Parabéns pela abordagem da temática. Penso também como você, pois a mesma sociedade que define padrões de moral, regula os preconceitos. A questão da aparência ultrapassa a essência e aí ganha espaço o juízo de valor de grupo. Crescemos na dualidade da aparência e criam-se os culpados sociais sem culpa. E o normal seria até a próxima virada de página o metodicamente equilibrado.
Gosto muito desse livro e desse trecho:
“[...]Se uma pessoa quiser, durante muito tempo e persistentemente, parecer alguma coisa, consegue-o pois acaba por se lhe tornar difícil ser qualquer outra coisa.” (Friedrich Nietzsche, in 'Humano, Demasiado Humano')
Oi, Luciana.
Muito bom ver você por aqui. Seus comentários são sempre oportunos e valorizam meus textos.
Obrigada!
Beijos.
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